Nascimento de Camilo Castelo Branco.
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Nascimento e infância em Lisboa
1825 ou 1826 Nasce em Lisboa, na Rua da Rosa, o pequeno que passará para a história literária com o nome de Camilo Castelo Branco, a 16 de março, filho natural de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa. A 14 de abril é batizado na Igreja dos Mártires. O centenário celebrou‑se em 1925; todavia, o escritor sempre se apresentou e contou os anos da sua vida e dos acontecimentos que nela o marcaram como tendo nascido em 1826. E os seus contemporâneos assim o reconheciam. Na certidão de óbito do escritor, ocorrido a 1 de junho de 1890, regista‑se a idade de 64 anos.
1827 6 de fevereiro. Morte da mãe.
1835 22 de dezembro. Morte do pai. «1835 Tinha eu nove anos e era órfão» (capítulo I de No Bom Jesus do Monte, livro memorialístico, 1864). Acompanhado pela irmã Carolina, mais velha, é levado para Vila Real, para casa da família paterna. «Deram‑nos um tutor, que nos mandou para Trás‑os‑Montes acolher ao abrigo da irmã de meu pai» (ibidem), a tia Rita Emília. Frequentara, nestes anos, em Lisboa, a escola do mestre Minas Júnior onde, entre outros, teve como colega o futuro Conde de Ouguela.
Adolescência e primeiros escritos. De Vila Real e Vilarinho da Samardã ao Porto. O escritor em formação
1939‑1940 Em Vilarinho da Samardã, a viver com a irmã, que ali casa com um estudante de medicina, convive com o irmão deste, o Padre Azevedo, que lhe ensina a leitura dos seus primeiros clássicos e o ajuda a desenvolver o seu gosto pelas humanidades e a escrita. «Eu sou aquele a quem padre António de Azevedo ensinou princípios de solfa, e as declinações da arte francesa. Sou aquele que leu em sua casa as ‘Viagens de Ciro’, o ‘Teatro dos Deuses’, os ‘Lusíadas’, ‘As peregrinações de Fernão Mendes Pinto’ e outros livros que foram os primeiros.» (Na dedicatória, ao Padre Azevedo, de O Bem e o Mal, 1863.)
1841 Em agosto, casa‑se com Joaquina Pereira de França, de 14 anos, em Friúme, aldeia do concelho de Ribeira de Pena, onde passa a viver e trabalha como escrevente num tabelião. Entretanto, perde parte da herança paterna. Em 1843, regressa a Vilarinho da Samardã. A filha, que nasce do casamento, e a mulher morrem pouco depois.
1843 Outubro. No Porto, faz exames em disciplinas de Humanidades e inscreve‑se na Escola Médica e na Academia Politécnica do Porto.
1844 Começa a viver a vida literária e boémia («do espírito») portuenses. Estreia‑se como jornalista. Começa a publicar artigos em periódicos da cidade, atividade que continuará intensamente nos anos seguintes, e que, até ao fim da vida, não deixará de exercer. Alguns dos periódicos em que foi publicando: O Nacional, O Eco Popular, O Jornal do Porto, A Semana, O Portugal, O Portuense, O Mundo Elegante, O Porto e a Carta, O Clamor Público, Gazeta Literária do Porto e outros que mais à frente serão referidos. (Ver os cinco volumes de Dispersos de Camilo, compilação e notas de Júlio Dias da Costa, Coimbra, Imprensa Universidade, 1924‑1929. Divididos em: «Artigos», «Crónicas», «Romances». Escreve e publica poemas. Assina, a princípio, com as iniciais C. C. B. Usa diversos pseudónimos, entre eles: Um Académico Conimbricense, Anastácio das Lombrigas, Anacleto dos Coentros, O antigo juiz das almas de Campanhã, José Mendes Enxúndia, Rosário dos Cogumelos, A. E. Y. O. U. Y., Manuel Coco, João Júnior, Barão de Gregório.)
1845 Publica Os Pundonores Desagravados, poema heroico burlesco.
1847 Publica o drama histórico Agostinho de Ceuta.
1848 Morre‑lhe a filha que tivera com Joaquina Pereira e nasce a filha Bernardina Amélia, que tem com Patrícia Emília. Instala‑se no Porto, onde vai viver permanentemente, com alguma viagem a Lisboa, até mudar, em 1864, para outro dos lugares míticos da biografia camiliana, São Miguel de Seide, para nele residir até ao fim da vida, na companhia de Ana Plácido. Neste e nos anos seguintes, publica, nos periódicos, no espaço do «folhetim», ou noutros, inúmeros artigos, crónicas e os primeiros embriões de narrativa ficcional. Publica, em folheto, sob anonimato (Mandada Imprimir por Um Mendigo), um relato onde está já presente a figura de narrador que dará o cunho camiliano dos seus romances e novelas posteriores, Maria! Não me Mates Que Sou Tua Mãe!, a partir de um crime ocorrido em Lisboa.
1850 Diz ser, de profissão, «escritor público». Viaja a Lisboa, onde permanece algum tempo. Aqui, na Imprensa Nacional, publica o seu primeiro romance, Anátema. Ser‑lhe‑á atribuído o folheto publicado anonimamente, também em Lisboa, «O Clero e o Sr. Alexandre Herculano». (Dada a extensão da obra do escritor, cerca de duzentos romances ou novelas, inúmeros artigos, crónicas, textos de divulgação ou crítica, de escritores, pintores, compositores, folhetos, folhas volantes, textos prefaciais, correspondência, e ainda um bom número de traduções de obras estrangeiras, sobretudo francesas, não se registam aqui todos os seus títulos, optando‑se por destacar os mais marcantes da sua trajetória; de igual modo, não se indicam as inúmeras ruas e casas onde residiu.)
1850‑1851 Matricula‑se no curso de Ciências Teológicas, no Porto.
1852 Submete‑se a exame para obter ordens menores. Abandona o curso de Ciências Teológicas. É cofundador do jornal O Cristianismo. Colabora em publicações de poesia.
1853‑1854 Publica, primeiro em folhetim, no diário portuense O Nacional, e finalmente em volume, Mistérios de Lisboa, novela «de terror grosso», na tipologia proposta por J. do Prado Coelho, resposta, no panorama da literatura portuguesa, a Les Mystères de Paris, de Eugène Sue (1842‑1843). A maior parte dos seus romances foram publicados inicialmente em folhetim, em periódicos, antes de sair em volume, como era prática na época, pelo que só excecionalmente se voltará aqui a referir esta forma de publicação.
1854 Publica o livro de poemas Folhas Caídas Apanhadas na Lama, sob o pseudónimo Um Antigo Juiz das Almas de Campanha. Com Augusto Soromenho, é redator de A Cruz. Semanário Religioso.
1855 Publica, no Porto, o Livro Negro do Padre Dinis. Continuação dos Mistérios de Lisboa.
1855‑1856 Publica os três volumes de «Cenas Contemporâneas», a que pertencem, entre outras pequenas novelas, os romances A Filha do Arcediago e A Neta do Arcediago, que J. do Prado Coelho inclui no tipo «humorístico».
1856 Publica Onde Está a Felicidade?, cujo papel na evolução do romance português o consagrado Alexandre destacará, na «Advertência» da segunda edição das suas Lendas e Narrativas (1858).
1857 Reside durante cerca de dois meses em Viana do Castelo, como redator do jornal A Aurora do Lima. Aqui publica Cenas da Foz. Regressado ao Porto, publica, entre outros, Duas Horas de Leitura.
1858 Publica, em Viana do Castelo, o «romance original» Carlota Ângela, que saíra em folhetins n’A Aurora do Lima. Publica ainda Vingança, «uma das obras que mais elementos contêm para uma ‘teoria camiliana da ficção’», além de Vinte Horas de Liteira, segundo J. do Prado Coelho, e O que Fazem Mulheres. No final do ano, Camilo é aprovado para sócio correspondente da Academia das Ciências, sob proposta de Alexandre Herculano.
1859 Nos últimos anos, vê frustradas as diversas tentativas de ocupar cargos em instituições públicas, segundo alguns, devido à relação que mantém com uma mulher casada, Ana Plácido. Este ano, vão viver ambos para Lisboa. O marido move‑lhes «querela de adultério». Antes do final do ano, regressam ao Porto. Continua a publicar em jornais.
1860 Ana Plácido é presa, Camilo anda fugido à «justiça», que também o procura. Em outubro, entrega‑se, na Cadeia da Relação, no Porto. Aqui, ambos recebem a visita do rei, Dom Pedro V. Continua a publicar em jornais e traduz romances franceses. Registam‑se já reedições de algumas das suas obras anteriores. A reedição de parte considerável dos seus romances vai, a partir de agora, ocorrer com regularidade. Estreia‑se em Lisboa, no Teatro Nacional Dona Maria II, a 10 de maio de 1860, o seu drama Abençoadas Lágrimas (J. Viale Moutinho: 2009
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